Viver pela arte
Quando olho para esta fotografia, vem-me logo à cabeça como primeira ideia: ’isto só pode ser o Chapitô’. E é de facto. Mas, para ser de coração, falta-me a Tété. Ou então, está tão bem disfarçada que não a encontro. Reconheço alguma injustiça nesta afirmação. Ninguém consegue montar uma história já com 25 anos, com tanta força e determinação, sozinha.
O Chapitô não seria o que é, se não fossem aqueles olhares cruzados dos actores da fotografia. Se observarem com atenção, cada um dirige o olhar para onde bem entende. Apesar do objectivo comum, que resumo assim: viver pela arte.
É isso que o Chapitô faz e que a Teresa inventou como conceito de vida. Não terá sido a primeira, nem a pioneira a ter o entendimento que a arte educa, forma personalidades, reinsere, ajuda, alimenta. Mas é a Tété quem está no combate todos os dias, a inventar maneiras para chegar às suas crianças que “vivem no Chapitô, dos 3 meses aos 12 anos, aos jovens que se perderam das famílias, da sociedade, de nós, a quem arranja casa, ao investimento naqueles que estão nos centros educativos, aos que estudam na EPAOE, escola de artes circenses, e por aí fora.
O Chapitô, e a Teresa em particular, olha para a educação, para a cultura, para a arte, para o circo, para a saúde, para a alimentação como um todo. Naturalmente como o estado devia olhar: integradamente.
É o que eu vejo, nesta fotografia, onde afinal – reparo agora – a Teresa está lá.
Maria Flor Pedroso
42 anos, jornalista há 18 anos. Editora de Política da Antena1. 22 anos de rádio (RComercial, RFM, TSF e Antena1).
[Novembro de 2006]