UM NOVO TEMPO, A MESMA PAIXÃO

Hoje é Sábado, amanhã é Domingo! 
Todos os artistas estão a trabalhar 

com paixão porque hoje é Sábado… 

Amanhã é Domingo! 

Todos estaremos ressacando de 

Sábado, porque hoje é Domingo!
O Prazer de Estar constitui-se como o sentido da Obra.
 Deus! Gostava que fosse assim!…E será que não pode ser?
 O Ser humano sonha em SER e, verdadeiramente, SÓ o É no sonho de querer SER…??
 É urgente construir a Obra…Mãos à obra, então!
 Mas de que mãos precisamos para a Obra Prima?
 Deus! Como eu gostava que todos à volta da Terra, de mãos dadas, se pusessem a caminho!
 A “Máquina” virá e, com a sua inteligência artificial (AI), expelindo algoritmos, dará conta do recado que a humanidade parece não querer assumir??…
 Porque lá pelos Oceanos, as águas revoltas, entre margens instáveis e receosas, fazem subir os seus níveis num ritmo descontrolado, enquanto os milenares glaciares se desfazem como consequência do aumento das temperaturas e outros desafios climatéricos associados.
Todos estaremos ressacando de Sábado, porque hoje é Domingo!
 Todos os dias precisam ser dias de Festa – Sábados e depois Domingos.
 Paixão e Criação!
 E o Tempo?…
 Aquele Tempo que não é o do relógio, aquele Tempo que escolhemos para fazer as coisas mais importantes da nossa vida, da nossa existência – somos nós os fazedores do Tempo e esse tempo a nós pertence – assim saibamos fazer nele e com ele, tudo aquilo que está no sonho e que, assim, convocamos para ser a realidade.
 Viver nesse Tempo exaltante é um direito!

Teresa Ricou

Excerto do Editorial da Agenda Chapitô Julho/Agosto

Agosto/2023

DEPRESSA VOCÊ MADALENA*

Sabotagem é despromover um verdadeiro poeta em funcionário.
Não bastam nos gabinetes os incompetentes
Ainda mais alcatifas e ares condicionados?
Aos dirigentes máximos poupemos os ardilosos organigramas.
Como são hábeis os relatórios das empresas estatizadas
prosperamente deficitárias ou por causa das secas
ou porque veio no jornal que choveu de mais
ou por causa do sol ou porque falta no tractor um parafuso
ou talvez porque um polícia de trânsito não multou Vasco da Gama
ao infringir os códigos na rota das especiarias de Calicute.

José Craveirinha, versão em Nelson Saúte (org.), Nunca Mais é Sábado. Antologia de Poesia Moçambicana

 
Chico,
Coxeamos ou apodrecemos?
A canção já é um continente? Ou é uma cidade, uma ilha?
Chico,
A risada vai alastrar? O Bem vai alastrar? A risada depois do trabalho é melhor? O mar entre nós tem ossos? O mar entre nós é nosso? Quem irá passear no nosso mar?
Temos saudades, Chico. O Bem vai avançar? O amor vai acabar? Vai descansar, preparar-se melhor? Ser pedra fina? Revestir-se de granito? E o chocolate?
Chico,
Quando se passeia no Rio há uma verdadeira trip como o perfume das rosas? Aquelas dos quintalinhos à frente numa fila de vivendas? Onde as mães se recolhem e costuram, com roseiras antigas por perto, e onde assim vão estampando pelos tempos as rosas cada vez mais belas.
Somos jovens ou velhos, Chico? Estamos confinados num Atlântico ou num Índico?
Chico, Tom Jobim morreu? Não há pequenos ídolos na língua portuguesa e não há pequena devoção, talvez convolação.
Chico,
É sempre bom namorar? E como será odiar?
Vai ao Shopping? Que frutas gosta mesmo de comprar? Gosta de máquinas? Nunca conheceu um mercenário? Como será um dia sem plástico?
Como será o Chico de roupão? E de capitão?
Chico,
Conhece o Índico? As palmeiras! A Guiné e as suas histórias de guerrilheiros?
Com quantos compositores se poderia formar um bom partido político?
Chico,
Faz bem ler livros? E as coisas más que nos acontecem são pura destruição?
Quando escrevo, não cortejo nem sou cortejada. O amor é louco e os cafézinhos debaixo das árvores são simples?
Chico,
Com a sua cara de prata, vinda da prata do oceano, vimos em discos quais eram os olhos da azul matéria do mar. Algas cor de oiro emergem à superfície em volta da Ilha num Índico. Nadam aí tropicais peixinhos magníficos de todas as cores que indiciam a amizade, o futuro, a irresistível música. 
Chico, você fez as canções para nós fazermos o continente?

*Título retirado do poema Saborosas Tanjarinas d’Inhambane de José Craveirinha. Ler poema completo aqui!

Vera Martins

Agosto/2023